O inconsciente é o principal objeto de estudo e de trabalho da psicanálise, e Freud o define a partir de cinco pontos de vista: descritivo, sistemático, dinâmico, econômico e ético.
Inconsciente do ponto de vista descritivo
Do ponto de vista descritivo, o inconsciente é uma instância psíquica que reside sob a consciência, que abriga conteúdos cujas formas de expressão são desconhecidas, a princípio.
Ele tem um modo particular de funcionamento, uma vez que é de origem primitiva, ou seja, opera a partir do princípio de prazer, contrastando, muitas vezes, com o princípio de realidade.
Em outras palavras, trata-se de desejos que não podem ser realizados devido à moralidade, por exemplo.
Por esse motivo, seus conteúdos são suprimidos da consciência, mas encontram maneiras de se manifestar disfarçadamente.
Podemos “observar” o inconsciente através de atos não intencionais, que são surpreendentes e enigmáticos para a consciência.
Esses atos podem ser, por exemplo, a troca de nomes, equívocos, sonhos estranhos, esquecimentos, surgimento repentino de pensamentos incomuns, conflitos internos, etc.
O inconsciente é um fenômeno que opera incessantemente no psiquismo humano, sem que percebamos sua influência em nossas vidas, mas ele conduz nossos atos e determina aquilo que somos.
Inconsciente do ponto de vista sistemático
Do ponto de vista sistemático, o inconsciente é um dos sistemas do aparelho psíquico, distinto do consciente e do pré-consciente. É caracterizado por seus próprios processos e conteúdos.
Regido pelo princípio do prazer, busca satisfação constante e imediata, com um pensamento ilógico e atemporal.
Ele é constituído por uma rede de representações, ou seja, imagens ou objetos de prazer impressos no inconsciente, que não necessariamente obedecem à razão, à realidade ou ao tempo.
Sendo assim, existe uma barreira, chamada recalcamento, que impede esses conteúdos de alcançar a consciência.
Contudo, ao assumirem uma forma disfarçada, algumas dessas representações conseguem chegar em partes à pré-consciência ou à consciência para tentar buscar na realidade algum modo de satisfação.
Por outro lado, a parte que não consegue obter satisfação, continua operando no inconsciente, gerando tensão.
Inconsciente do ponto de vista dinâmico
Do ponto de vista dinâmico, o inconsciente funciona a partir de um conflito permanente entre a força psíquica que impulsiona a satisfação de um desejo e a força que resiste a isso – o recalcamento. Porém, o sujeito não está consciente dessa dinâmica de funcionamento.
Trata-se de um movimento dinâmico de energia psíquica: de um lado, contêm e fixa no inconsciente as representações recalcadas, e de outro, reconduz ao inconsciente as representações que chegam ao pré-consciente ou à consciência, após terem escapado do recalcamento.
Inconsciente do ponto de vista econômico
Do ponto de vista econômico, o inconsciente é considerado um local onde a energia psíquica é investida nas representações. Essa energia pode ser deslocada de uma representação para outra (deslocamento) ou condensada em uma única representação (condensação), especialmente nos processos oníricos.
A busca pela descarga dessa energia para reduzir a tensão é um princípio fundamental do funcionamento psíquico inconsciente.
Inconsciente do ponto de vista ético
Por fim, do ponto de vista ético, o inconsciente é considerado o desejo em si, ou seja, a obtenção de prazer idealizada proporcionada pelo incesto, afinal, cada um dos genitores é considerado objeto de afeto primordial da humanidade.
Em outras palavras, cada genitor faz o sujeito sentir-se desejado por eles e então os deseja também.
O incesto pode ser visto como uma manifestação do desejo inconsciente de retornar à natureza, ou seja, à sua origem. Ao mesmo tempo, o incesto é um sinal da tensão entre a busca pela satisfação e a necessidade de respeito à lei.
Sendo assim, eticamente falando, é impossível realizar esse desejo, então o sujeito precisa renunciar a ele.
Contudo, permanecerá para sempre recalcado e demandando energia psíquica na busca da realização desse desejo.
Por vezes, esse desejo recalcado escapa e alcança o pré-consciente ou a consciência e tenta encontrar formas para satisfazer-se.
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