Adriane Leardini Picolo

Na psicanálise, a ansiedade pode ser entendida como um sintoma de um conflito psíquico interno, sendo a angústia um termo mais associado a esse estado de sofrimento.

Tem origem em causas mais profundas e inconscientes, ou seja, não se trata de um “quadro de ansiedade”, como em outras abordagens.

O inconsciente é entendido, na psicanálise, como uma parte da mente humana que armazena conteúdos que o sujeito não consegue perceber conscientemente, porque esses elementos podem entrar em conflito com a imagem que a pessoa construiu a respeito de si mesma.

O tratamento psicanalítico, então, visa desvendar a origem desses conflitos, permitindo que o indivíduo desenvolva uma maior autoconsciência e encontre maneiras mais saudáveis de lidar com os sentimentos ansiosos.

Entendendo a ansiedade na psicanálise

• Sinal de alarme: a ansiedade funciona como um sinal de que algo está em desequilíbrio psíquico, uma espécie de “perigo” interno que o indivíduo precisa encarar. 
• Conflito inconsciente: ela surge quando há uma tensão entre diferentes partes da psique, gerando um sofrimento que se manifesta através de sintomas.
• Excesso de estímulos: a ansiedade pode ser caracterizada por um estado de alerta constante, que tensiona o aparelho psíquico devido ao excesso de estímulos que recebe e não dá conta de processar e descarregar.
• Relação com a angústia: a ansiedade é mais como uma reação a um perigo real, enquanto a angústia* é uma apreensão mais geral e indeterminada. Porém, é comum que o indivíduo experimente a angústia, mas a reconheça como ansiedade, por ser um termo mais genérico.

*Embora frequentemente confundida com a ansiedade, a angústia é mais profunda e está relacionada a um estado de apreensão ante o “nada” ou o desamparo, não estando diretamente ligada a um objeto específico.

Como a psicanálise trata a ansiedade?

• Busca pela origem: o tratamento psicanalítico não foca em simplesmente eliminar os sintomas, mas sim em identificar as causas inconscientes que levam à ansiedade, para tratar a raiz do problema. 
• Desenvolvimento da consciência: ao longo da terapia, o paciente é incentivado a ter uma compreensão mais aprofundada de seus sentimentos e de como eles afetam sua vida. 
• Novas estratégias: com o conhecimento adquirido, o indivíduo pode então desenvolver novas estratégias para lidar com as situações que desencadeiam a ansiedade. 

Para determinar a ansiedade como uma experiência de desequilíbrio psíquico ou como angústia, é necessário passar pela análise, para então delinear um tratamento específico e adequado.